CENA DO COTIDIANO

Peguei-me, ao acordar,

Sem saber exatamente onde estava

Tive um sonho abstrato

Havia um abismo lá em baixo

Eu caía, caía...

Quase chegando ao final

Sentindo a agonia de morte

Peito pulando na boca

Disparado coração apavorado

Pânico, terror, horror!

Chegava, chegava...

“Deus perdoe minhas faltas

Meus pecados”.

Pensei em minha mãe

No meu cachorro

Na irmã, no futuro namorado,

Presenciei o rosto da despedida

E o caixão selado

Perto do chão

Dei um último suspiro

Imaginei anjinhos

Para me darem as mãos

Anjinhos...anjinhos...

Anjinhooooo!!

Berrei eu

Berrei. Eu gritei

Gritei eu

Fechei os olhos

Desejei não estar

Acordei

Com o rádio anunciando

Atentados, violência

Bomba, algumas caseiras

Cidades em pânico

Homens sem alma

Será que perdi alguma coisa?

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 01/08/2011
Reeditado em 28/10/2012
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