TU AÍ

Tu aí!

António Castel-Branco

Tu aí, que choras o amor perdido...

Tu aí, que sentes o coração despedaçado...

Tu aí, que olvidas o carinho recebido...

Tu aí, que ficas agarrada ao passado.

Sim, dirijo-me a ti que definhas...

a ti que te abandonas à tristeza...

a ti que te fazes palco dos desgostos...

a ti que te afastas de toda a beleza.

Tu, que te sentes martirizada...

tu, que te julgas ofendida e humilhada...

tu, vilmente abandonada...

tu, sempre triste e desolada.

E digo-te não!

Não permaneças assim prostrada...

não vivas a mentira do que passou...

não te entregues à demência amargurada...

não ofendas a memória do que amou.

Levanta-te e sorri. Sim, sorri!

Sorri como se desse sorriso

dependesse o futuro da humanidade...

Sorri com a pureza da criança...

Sorri com o carinho dos enamorados...

Sorri com as cores da natureza

que redescobres enfim...

Sorri sempre...

Sente quando sorris

que o teu futuro se abriu...

Sente quando sorris

que o mundo para ti sorriu.

E eu vou retorquir:

Tu aí, que enfrentas o mundo a sorrir...

Tu aí, que crês agora ser capaz...

Tu aí, que abraças as almas sofridas...

Tu aí, que alcançaste o amor e a paz.

Sintra, 09/12/2006

António CastelBranco
Enviado por António CastelBranco em 10/12/2006
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