Mil Olhos
Tenho mil olhos.
São todos cegos,
São tão cegos,
Que contém aguçada sensibilidade de prever o frio,
Sentem no dia, seu final tardio,
Compreendem que há algo ainda,
Que deva ser esperado.
Sabem que no calor dos desejos,
Não há nomes nos sonhos.
Nem lágrimas nos encontros.
E agora pergunto.
Onde sustenta essa sede?
Essa secura de vontade!
Essa risada triste de brinquedo!