EU ME RENDO

Apesar de presa nesta dura almofada

do sentimento vivo, magoado

por tantas alfinetadas,

rendo-me...

À dança frenética dos bilros

e suas frias flores em mim desenhadas,

rendo-me...

A mornidão da chuva

que inclemente vem e turva

a minha vista cansada,

rendo-me...

A estranha trama que nalguma

dimensão foi pra mim programada;

Às filigranas finas que, do meu fio tosco,

são por Tuas mãos bordadas,

rendo-me...

ao raio que pela janela soleia

generoso a espantar sombras dest’alma

de longe errante ao longo das estradas!

E assim tecidas ponto por ponto,

rendeira e renda ao ritmo da repetida batucada,

rendem-se...

apesar da garganta ainda pouco adestrada quase não cantar,

só resmungar antiga cantiga de roda da vida

há muito, muito inventada!

Recife-25/05/2011

Marilu Santana
Enviado por Marilu Santana em 18/08/2011
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T3168498
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