Persona

Com palavras

o poeta faz sua alquimia.

Usa metáforas, sinestesias

transforma signos em verso,

versos em poesia.

Sua caneta

-de liberdade infinita-

preenche linhas e linhas

que repudiam a indiferença

dos olhos que não as percebem.

E as letras seguem

buscando a admiração ou o desprezo,

carentes de atenção e apreço

anseiam por uma interpretação sensível.

Triste pro poeta é ser um homem invisível.

Este, ao se mostrar ao mundo

possui um enredo bem difícil:

Diógenes representando Alexandre

para uma platéia de Sísifos

Seu pranto e seu soluço viram doces eufemismos.

De noite

o travesseiro não tolera máscaras.

E os olhos que fitam o poeta

-tais qual um verbo intransitivo-

dispensam complemento de sentido.