Barros
Wilson Correia
“O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.”
(Manoel de Barros).
Meu mundo é um átimo, Manoel de Barros.
Tinha terra, um rio e ovelhas.
Hoje mora na lembrança.
Sabe quantos barros que o diabo amassou eu
tive de usar no erguimento do meu mundo?
Foram muitos!
Sorte minha foi que finquei barras de ouro
para suster meu mundo: uma perna de saber,
outra de autenticidade; um braço de querer,
outro de intensa vontade.
Sou desembestado a ser eu mesmo.
A duras penas, tenho sido.
Já imaginou se meu mundo tivesse
pernas dos barros que tive que usar
no acabamento do meu mundo?
Qual nada!
Barros esfarelantes não servem para
além de camadas superficiais.
A solidez está mesmo é no ouro:
amizade da sabedoria!