Guilhotina

E desce como guilhotina

O escuro da tarde, nas tardes dos corações.

Sangue pulsando, nas tardes vermelhas apertadas.

Os riscos de não enxergar lá na frente, o elos fracos que se romperão.

São cegas as tardes, vibrantes e ocultas a sua maneira.

Mais uma vez, ocultar-se, não dê, não doe, não esteja.

Mais uma vez, em rompantes velhos, já conhecidos,

Virão os dias galopantes, virão com o vento, este que é único dono das tardes dos corações.

E os olhos, que nisso tudo encostam, que diante de tudo marejam,

Estes olhos já não podem sentir as tardes escuras, já não podem nem chorar.

Mas faça o feito, e sinta o peito, que decisão sem escolha, não pode ser arrependida.

As garras cravam, e não há mais dor nenhuma, dor sem lágrimas, nem fingida existe.

E fere doído, não saber ser, nem saber falar, não poder conquistar, não saber jogar.

Como fere não ser normal, não ter aproveitado as chances de ser seu próprio, seu, no vazio contentar-se em ser seu.

Vazio que contém deixando de ser vazio, pode até derramar, este vazio cheio de tardes escuras.

Escuras a sua maneira...