Maturidade

Morreu na curva do tempo

A menina dos folguedos,

Que morava na cidade de mim.

Hoje ela acordou o sol por um momento,

Vestiu de sonhos seus segredos;

Sentiu-se mulher enfim.

A menina graciosa fechou a janela

E de portas abertas, se achou no mundo.

Viu nús seus desejos desfilarem

Flores vivas em aquarela;

Bailarinas livres entre o junco.

Morreu ingênua a poesia

Sem encanto e sem melodia,

Para nascer a orfandade desajeitada,

Orvalhada de doce saudade.

Os primeiros passos rabiscados

Tem dilúvios de ansiedade,

Curvas de delírios afogados

Em silêncios inexplicados.

Nasce a misteriosa prosa

Sem sorrisos ou modos adestrados

Que solta pavoneia exultante.

Nasce a poesia mulher amante

De veia e essência perigosa,

Para bebericar soletrados

Maduros poemas gestados

No casulo da sua intimidade.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 21/12/2006
Código do texto: T324827
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