***SEMENTE***

Não sei se quero cantar a dor desse momento

e até fazer dela mais um soneto

desatando laços de um amor que terminou.

Porque é tão amargo esse momento

quando nem se entende o que restou

talvez um misto de carinho e lamento.

Nesse momento nem lembro do quanto fomos íntimos

só consigo ser calma, taciturna, lenta

num sentido doce, intenso e imortal.

De alguém que parte e deixa no armário uma história

por vezes divertida, irreverente e alegre

ao mesmo tempo que criminosa, dorida e cruel.

Que mata em mim um sonho de amor eterno

daqueles que se fazem com álbuns de fotografias

cadeiras velhas, festa de aniversário, cães e netos.

Por isso, arrumo tua mala e me despeço

dos teus pertences, das tuas artimanhas e jeitos

que marcam um tempo que me transforma e amadurece.

Olho no espelho e encaro a realidade dos fatos

não para ser folha morta ou fruto que apodrece

mas para ser semente que se renova...

Nikitita...a poetinha de Niterói

Angela Oliveira
Enviado por Angela Oliveira em 22/12/2006
Reeditado em 22/08/2009
Código do texto: T325100