Poema Zejelesco

POEMA ZEJELESCO

(à moda dos árabes na Andaluzia medieval)

Refrão:

Ai, adjami bela, dos olhos de almenara !

Quem divisar pode imagem assim tão cara ?

I

De Damasco a flor mais bela. Resplandecente

encanto, que os olhos de todo o Oriente

desorientou. Fazes meu peito fremente.

Este peito meu, que nunca antes amara.

Ai, adjami bela, dos olhos de almenara !

Quem divisar pode, imagem assim tão cara ?...

II

Da Síria, o pomo mais doce... Inebriante

olor, que o desejo induz. Místico semblante...

Quisera saborear teu fruto, e num instante,

prender-te a mim para sempre, qual jóia rara.

Refrão

III

Ai, tu, que eu sei, a mais fermosa damascena,

cujo vulto, me sopra a mais ousada, obscena

inspiração... Desvela essa fronte morena,

arcano maior, a qual nada se compara !

Refrão

IV

Ainda que sejas filha do grande Califa,

não temo, eu, pagar a mais pesada tarifa,

e hei de, em fogo, tomar-te numa alcatifa,

à luz do luar ! (... ah, meu coração dispara !)

Refrão

V

Teu olhar flamejante, de mago reluz,

Mais fero que o alfanje, mais doce que alcaçuz ...

Por ti, meus tesouros, meu ginete andaluz,

Dou-te em paga de um beijo. ... aceitas? ( Tomara !)...

Refrão

VI

Se tu, belo djim, que és deidade entre as mulheres,

os desejos atendes, deste mero alferes:

“Que Alá seja louvado!” Mas ... se não me queres,

exílio buscarei nos confins do Saara.

Refrão:

Ai adjami bela, dos olhos de almenara !

Quem divisar pode, imagem assim tão cara ?...

Rio, 6 a 25 de Junho de 2001

Antonio Sciamarelli
Enviado por Antonio Sciamarelli em 22/12/2006
Código do texto: T325586