VELHA CHAMA

Amei-te como nunca amado havia,

Em devoção profunda e incontinente.

Tua imagem, povoando minha mente,

Deleitava-me e as horas coloria.

Porém (pobre de mim!), chegou o dia

No qual o desengano incomplacente

Desfez-me as esperanças, e entremente,

Fez-se pranto o que era antes alegria.

Eu, que permaneci na sepultura

Da minha negra e triste soledade,

Ao ver-te agora em plena formosura

Sinto outra vez o ardor da velha chama

Que me aviva uma cálida saudade,

E a mágoa do meu peito envolve e inflama.

B S Pereira
Enviado por B S Pereira em 10/07/2005
Código do texto: T32763