Uma folha
Uma folha (e aquele vento era de outono)
ergueu-se pelo espaço como andorinha...
bocejava inda a manhã, trêmula de sono
ou seria só preguiça o que continha?...
E a folha, voando, voando, ia e vinha
e vinha e ia em tão angelical abandono...
o vento-loa divertia-se lha dando linha
e a folha reinava, sem cetro ou trono...
Carregando sinais d´orvalho nas pontas,
ela era tão tonta voluteando, mimosa...
e como era mimosa voluteando às tontas...
Acendia-se no vôo, brilhava inteirinha
colocando no ar a expressão primorosa
de toda a leveza e do langor que tinha...