Lagos na lua
Lagos na lua
Lagos na lua de Agosto
Gelados negros de sol-posto,
Lençóis de prata fundida
Regados por piratas da terra prometida,
Mitos crescentes e sonhos molhados
Poças de pecado nunca dantes navegados.
Lagos na lua são crateras que encho de emoções
Exércitos-jardins que florescem nos verões,
Atraem morcegos, corujas, anjos e meninos
Longe demais para lá fazerem seus ninhos,
Minhas insónias os remetem ao descobrimento
Com barcos sem vela, pois não há vento.
Lagos na lua eu insisto
Reflectem a terra dos sonhos e dos amores
Reflectem teu rosto se á janela fores,
Ao centro a ilha onde habitam sereias
E os peixes-aranha exibem suas teias
Tecendo espelhos a que não resisto.
Lagos na lua brilham e eu vejo
Taças celestes onde o sangue não arrefece,
Paixões que a noite não esquece
Brilham porque as deseja
Para ser orbe que flameja
Para ser lua e astro desejo.
Miguel Lopes
LXXXVI