Lagos na lua

Lagos na lua

Lagos na lua de Agosto

Gelados negros de sol-posto,

Lençóis de prata fundida

Regados por piratas da terra prometida,

Mitos crescentes e sonhos molhados

Poças de pecado nunca dantes navegados.

Lagos na lua são crateras que encho de emoções

Exércitos-jardins que florescem nos verões,

Atraem morcegos, corujas, anjos e meninos

Longe demais para lá fazerem seus ninhos,

Minhas insónias os remetem ao descobrimento

Com barcos sem vela, pois não há vento.

Lagos na lua eu insisto

Reflectem a terra dos sonhos e dos amores

Reflectem teu rosto se á janela fores,

Ao centro a ilha onde habitam sereias

E os peixes-aranha exibem suas teias

Tecendo espelhos a que não resisto.

Lagos na lua brilham e eu vejo

Taças celestes onde o sangue não arrefece,

Paixões que a noite não esquece

Brilham porque as deseja

Para ser orbe que flameja

Para ser lua e astro desejo.

Miguel Lopes

LXXXVI

miguel lopes
Enviado por miguel lopes em 27/12/2006
Código do texto: T328990