bip das sete (antes e depois)

Se rompe do ensaio

Se mexe e vai fundo

Enterra o nariz no sofá

Logo depois do bip das sete

(É esse o seu jeito

de fazer festinha no desinteresse)

Da ducha ao lençol, depois do café

Na fricção do antebraço

Sente o arder de seus ossos

Da ansiedade do porvir que não vem

Sem fatos pra encher triviais

Só pena; pasmo, a solução vacila

Acordado, a pressão surpreende cortando

Me equivoco, sou eu que evoco essa espada

Visto a calça, como o embrulho do pão

Encho o espelho, desmonto a espécie de choro

Largo o enguiço, prendo o esforço

Adio o espasmo de verso curto

E vou na calma, que o rosto não quer simular

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 28/12/2006
Código do texto: T329649