SOMBRAS
Observava a minha sombra
Adiante de mim,
Na calçada,
No final da tarde,
Alongada:
Perna-de-Pau,
Palhaça,
Homem-Borracha...
Tentei pegar o cachorro que passeava.
Ele olhou para mim,
Nem ligou para a sombra.
Me senti ridículo:
Braços para cima,
Mãos crispadas,
O Monstro na calçada
E o cão olhou para mim...
O Monstro serei eu?
Insano! - Não se fazem mais cachorros como antigamente!
Um menino riu,
Se aproximou,
Os olhinhos brilhando,
Olhava para mim,
Para a sombra e para o cachorro.
Ergui novamente os braços,
Mãos crispadas,
Fiz a sombra correr atrás do cão...
Três ou quatro passos atrás de mim,
Outra sombra monstruosa me seguia
Fazendo - UUUUUUU!
Correndo feito criança
Atrás do cachorro...
Estou salvo da minha demência,
Pensei.
Um menino a compreendeu.