Quem vem lá

Quem vem lá?

Que surge da penumbra,

roupa úmida e escura,

traje do tempo vago...

Quem vem lá? Pergunto eu,

Que soa ruidoso, em mortal silêncio.

Que sussurra como vento,

gélido e enfermo...

Quem vem lá? Eu insisto,

Que trafega esses sabores,

que impregna de odores,

os verdes campos meus...

Quem vem lá? Eu quase em prantos,

Que produz encantos,

Que me causa desmandos,

Envolve minha nudez em mantos.

Quem vem, quem vem...?

Como quisera eu saber a resposta,

Como quisera eu abrir a porta,

Que impede-me libertar a alma.

Mas eu grito, e meu grito é em vão...

Seja quem for, o negrume, hoje meu carrasco,

Apagou seus passos.

Tornou-me apenas trapos,

Da leveza e beleza, não resta sequer traços.

Se eu apenas soubesse quem vem lá...