QUINTA AVENIDA

QUINTA AVENIDA

Inesperado sol

Irrompe no meu céu

Azul de todas as matizes!

Rompe todas as raízes

Do meu véu...

Até ao infinito

Do meu eu

Pequeno grão de nada...

Incendiou-me todas as artérias!

Todas as ruas e avenidas

Estão contaminadas...

Entram em combustão

Todas as matérias

Que alimentam os poemas...

Ardem as ideias

Soltam-se das veias

Todas as palavras

Inquinadas

Nenhuma grade

As prenderá...

Socorro-me de todas as esquinas...

Em todos os becos espreitam

As heroínas do prazer!

Todas as vírgulas fazem sentido

Todo o ponto final

É afinal o ponto de partida

De cada fuga!

Cada ruga é mais um verso

Em que disperso a minha vida

E o Universo não é

De certeza, apenas e só

A 5ª avenida...

Deixem-me viver cada viela

Cada azinhaga perdida,

Cada pincelada a mais

É mais um sopro de vida...

Cada silêncio de beco,

Cada cilada de porto,

Cada cálice de mim

Em cada copo que esqueço...

Cada canção que estremeço,

Cada beijo que mereço,

Cada amor que não começo

Por não saber o seu fim

Inesperado sol

Irrompe de todas as matizes

Do meu eu

Pequeno grão de nada

Azul e breu!

ressoa
Enviado por ressoa em 13/07/2005
Código do texto: T33689