GENTE

GENTE

Hoje desnudei

Um corpo de veludo

E não há verso,

Branco ou mudo,

Que conte tudo

O que despi!

Eu fiquei nú,

Despido de mim,

E mesmo assim,

Não fiquei crú...

Eu fui aquilo que tu

Nunca imaginaste...

Fui apenas o contraste

Entre o verso e o reverso

Porque... perverso

Eu sei que sou

Eu sei!

Dar?

Dar eu nunca dei

Completamente

Eu sou a distância

Perfeitamente imperfeita

Entre a semente

E a colheita

Ah!

Soubesse eu chover

Na hora certa

Na hora em que desperta

O estio

E o desafio

Deixa de ser descoberta

Ah!

Soubesse eu ser calor

Quando a terra quer

Soubesse eu ser a mulher

Do meu ventre

Ou simplesmente mãe

Soubesse eu ser amor

Soubesse ser apenas gente

Quando convém

Simplesmente gente

Gente crente

Gente...

Soubesse eu ser o gesto

O protesto

O resto que sobra

Da semente...

Soubesse eu ser a cobra

A serpente

Que não dobra

E mente!

Hoje vesti-me de veludo

E fui quase tudo

O que se sente

Quase tudo

O que se mente

Quase tudo...

Quase gente...

Omnipotente

Omnipresente...

Mente...

Mente!

ressoa
Enviado por ressoa em 13/07/2005
Código do texto: T33703