MARIPOSA

RAMEIRA!

De ti, me fiz amante primeiro.

Resoluta...

Só me deste teu amar passageiro.

Enamorados se apequenam a teus pés:

Lacaios ou fidalgos cavalheiros.

De todos me fiz o mais lucubre cantor;

Mas não me fiz rotineiro.

Tua alma não abriga rancor

És amante febril,

Não há quem mitigue o corpo abrasador.

O ungüento das benfazejas mãos

Extirpa as chagas do Trovador

Mas se moribundo padece da solidão

Hospeda em teu ninho de amor.

Teu vagabundo coração não tem dono:

É pássaro solitário.

Cultiva queixumes e desilusões

Como se fossem prendas do relicário.

Quantas vezes te vi; a prantear enfado acaso.

Nem o gorjear do uirapuru te libertará deste calvário.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 13/07/2005
Código do texto: T33763