Livro aberto, guardado em algum lugar
Por dores e descrenças
submerso em meio e pessoas que quanto mais conheço mais eu vejo o quão não brilham,
auto psicografo o próximo ato e sei seus ditos e discursos antes mesmo que os pensasse.
Vejo o estruturar de teorias, conceitos convictos sobre coisas que nunca viveram, não acompanham e o pior de tudo, nunca sentiram.
Eles vem com essa bagagem teórica e tentam me ensinar.
"Senhor, dai-me serenidade para que possa aceitar as coisas que não posso mudar", eu ainda menino, discutindo e perdendo a calma, como posso ainda não conseguir deixar passá-los desapercebidos?
O problema é que todos sabem tudo e não existe uma definição clara, pessoal e interna sobre quais são os conceitos individuais.
Quando define-se seus critérios, todas as discussões tem denominadores em comum, tudo passa por uma análise para enquadrar-se no que se acredita e caso ocorra um desvio entre os padrões do que se debate, uma reciclagem deve ser programada.
Acho interessante, existem coisas que vivo a anos e quando paro para conversar comigo mesmo sobre o que penso sobre algo, muitas vezes tenho que pensar bastante para chegar em um ponto e muitas das vezes eu mesmo não consigo definir exatamente qual é minha opinião sobre o tema em questão, existem coisas congeladas até hoje que estruturo aos poucos. Como que todo mundo tem de bate pronto todos os assuntos na ponta da língua? Incrível, nem param para pensar, falam sobre tudo, sacam exemplos das mangas, comparativos de inúmeras situações, podem lecionar sobre coisas que conheceram a dias.
E isso tudo costumava me incomodar mais antigamente.
Eu confesso que evoluo de uma forma bem lenta em relação a deixar de odiar as cosias que são desprezíveis, mas a terapia está continuamente em progressão.
Vejo pessoas que acham que são minhas amigas, que se enquadram ridiculamente nesse círculo dos desprezíveis baterem no meu ombro e dizerem, é verdade, o mundo ta cheio desses ai não?
Vejo fãs de culturas que os desprezam, vejo pássaros se dedicando em voar em direção as turbinas dos aviões.
Sou um poço de sangue e espinhos, grosseiro, com frases que constrangem pervertidos e idéias de duas toneladas do qual sem um arcabouço cronológico não se pode enxergar muito alem de trevas.
Livro aberto com capítulos riscados e páginas arrancadas.
clamai clamai pelas coisas impossíveis que procuramos em vão,
vem soleníssima, soleníssima e cheia de má vontade oculta de soluçar, talvez porque a alma é grande e a vida é pequena e todos os gestos não saem do nosso corpo e só alcançamos aonde o nosso braço chega e só vemos até onde chega o nosso olhar.
Te vi vagar sem conhecer aqueles com hematomas na face e vi você também, agredido caído à calçada, eu fui atropelado diversas vezes nessa mesma estrada, pelos príncipes que se sentiam bobos-da-corte em meu reinado, pelas mãos dentro dos bonecos quando eu criança no show de marionetes.
Escreveram vocês em linha reta, quando eu lavava com álcool cortes profundos causados pela inocência de tentar a vida em paralelo a essa linha.
Ó vos que entrais...
odiosos vermes que julgam com o perdão de baixo do braço,
que atiram em quem discorda da paz que vocês pregam.
Caminhem ovelhas, para a rotina de vidas no piloto automático, que se acostumaram a passar a semana pensando na sexta, que não foram criados para serem inteligentes.
Acreditem que o que fazem é o que há de melhor no mundo, zombem de profissões que se não existissem vocês sucumbiriam.
Ouço e reproduzo, acredito no que me dizem sem que eu mesmo faça minhas provas.
Acredito em números incoerentes.
Prego sobre coisas que nunca estudei a fundo.
Me sinto superior as pessoas mesmo vivendo em pecado.
E ainda acho eu que poderia ficar longe dele.
Acredito entender dos assuntos unicamente porque li a respeito, absolvi umas historinhas e decorei umas datas.
Me olhem com o julgamento herdado de seus pais,
coloquem suas éticas e religiões do berço em seus corações,
sorriam com os melhores sorrisos que puderam comprar, ou com os que conseguiram fingindo ser o que nunca serão.
Boa sorte para vocês;
precisarão.