Cena de morte na porta do meu coração

por quatro décadas (talves, mais)

venho mantendo a porta aberta...

mas, por ela, somente entram ais

e o sorriso ainda é coisa incerta...

Solidão é um garrote que aperta

em movimentos vagarosos e letais...

a gente dorme, sonha mas desperta

com a triste sensação de "nunca mais"...

Fechei a porta, fiquei acordado

com olhos arregalados, de atalaia...

parei, esperei, quase morri desesperado

e agora, armado, estou de tocaia...

E o que eu imaginei, aconteceu

e, aí, foi dura, cruel, a realidade

pois que a saudade me apareceu

e eu, aflito, atirei na saudade...

Entanto, não foi ela que morreu

pois, por desgraçada fatalidade,

de minha tocaia ela se apercebeu

e entrou logo atrás da felicidade...

Marinhante
Enviado por Marinhante em 15/01/2007
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