GRILOS
Os Grilos não quebram o Silêncio da Noite.
Eles o arranham;
Nele afinam suas patas
Para tocar seus violinos,
Criando o Silêncio Tridimensional
Que se espalha pelo céu da noite,
Que enche os meus pulmões de brisa fresca
Os meus olhos de estrelas,
E o meu ouvido com a vontade de ouvir
Tantas vozes que nem sei...
Os Grilos eram os meus Índios terrenos
Que batucavam seus tambores para o seu Rei:
O Grande Rei dos Grilos era eu,
E como era vasto o meu Reino,
Tão vasto quanto a Noite,
Em todos os gramados, estradas, postes, pedras, pontes.
Eu cresci
E os Grilos cresceram comigo:
Hoje solfejam para o seu Deus
A linha melódica que o liga com o seu cosmos,
E como é vasto o meu Cosmos,
Tão vasto que engoliu a Noite inteira e eu.
Traduz um Grilo uma voz
E eu a escuto
O que conta
E me encanta;
Deixa-me rindo com palavras nas mãos...