NADA SOU
Palavras e gestos
Nutrem-se de silêncio
A nascente inventa rios
E acalenta mares
Abismo-me na correnteza do possível
– Da poesia –
O sol amigo se reflete
No meu leito viajante
Como a mulher amada no espelho
Ao perceber-se toda Amor
Choro – e tudo é paz
Há dessas lendas que contam a Verdade
– Conheço apenas a agonia do viver
E não mais sei das coisas que são
(ou nunca serão) –
Pressinto a tensão iminente
De cada palavra e gesto
(Emoção? Apego? Prisão?)
Prossigo então
Nos íngremes aclives e declives
Do caminho estelar
Que as pedras hão de contar
Chego-te Destino
Sou filho voltando pro lar
Já fui nascente
Rio displicente
E agora nada sou
Nesse mar