FUGACIDADE

Os anos

Acabam sempre.

Ainda que tivessem mil dias,

Um dia acabariam:

Esgotam-se,

Acabam-se,

Igual a caixa de remédio,

Com menos um comprimido

A cada dia.

Acordei pensando nisso

E por quê?

Por nada, pra nada,

Puramente por não ter

Outra coisa para pensar?

Ah, os pensamentos...

Outra coisa tão estranha

Quanto o tempo,

Permite-nos tudo,

É só pensar.

Penso que o Tempo não existe,

Mas, que os Anos sim.

A menos que o Sol,

Girando sobre si,

Corresse em linha reta

E nós, numa paralela medonha

Girando sobre si

Até o fim dos nossos dias...

Bem, teríamos dias:

Noites, dias, noites, dias, noites, dias...

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

Hum…

Será que o Tempo existe

Porque existem os dias?

E se não existissem os dias,

A penas uma Terra estática

Olhando para um Sol longínquo

O tempo todo...

Ai, meu Deus,

Eu falei o tempo no meu mundo sem tempo!

Lá não há tempo...

E Deus, haveria?

E se não houvesse Deus...

Bem, é só pensar,

O Pensamento permite-nos tudo.

E o não pensar?

Ai, agora eu pensei...

Que grande ilusão é pensar...

Eu deveria ter ficado um pouco mais na cama,

Sem pensar, quietinho, esperando por um carinho,

Ganhar um abraço quentinho e mais...

Agora, sem pensar.

Ah, que gostoso que é...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 05/02/2005
Código do texto: T3522
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