A RONDA DA NOITE DE DJALMA MARANHÃO
Estreladas noites Djalma passava
pel'A República dirigindo um jipão
que parecia um trator O velho jipão
dos tempos da Grande Guerra
subia descia morros
dançava na areia fofa
das ruas que Djalma mandava ladrear
O jipão seguia ziguezagueando
por desalinhadas ruas
ladeadas de casinhas de presépio
Casinhas que a lua alumiava
Ruas que exibiam os mistérios da noite
como uma mulher mostra os encantos
exclusivamente para o amante
Ruas em que Djalma mandava levantar
postes de iluminação
Djalma conhecia as quinas
as curvas das ruas estreitas
Nos becos e botecos
saltava para um trago
Djalma conhecia os moradores
as cantorias os amores
as aventuras dos pescadores
Djalma bêbedo da paisagem
o encantamento das dunas
estendendo o mar
transformado em areia
Djalma bêbedo de saudade de Natal
contava histórias de quando preso
nas masmorras de Getúlio
parecendo previa carregadas nuvens
fechariam o tempo fechariam as casas
Djalma levou consigo
a saudade
para a escuridão
do cárcere
A saudade no exílio
lhe consumiu
o coração
Djalma voltou para Natal
dentro de um caixão