O outro lado.

Passada a guerra em meu íntimo

Deixei cair a lingerie, tirei a máscara,

Olhei no espelho, marcas do que fizemos.

Seus dedos longos em meus braços,

Nas coxas, desenhos de suas mãos,

Nos ombros o formato de seus dentes,

E na carne a tatuagem de um ato vazio.

Sedutoramente deixei que um riso descontente,

Alertasse sua visão para o fim de um (quase) amor.

Peneirei o anonimato dos beijos,

E dos carinhos que eu julguei verdadeiros

Nem ao menos senti o calor de uma paixão.

O mundo que em nós e de nós existia

Pariu a desesperança e meus olhos

Profetizaram o lamento da despedida.

Como o caos eu me principiei,

Nova mulher a erotizar o prazer

Sem rédeas, sem dono, sem destino,

Com tempo para reinventar no corpo

O que a vida ensina todos os dias:

A leveza da liberdade.

Eliane Alcântara.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 25/01/2007
Código do texto: T358674