O Fim
Agora já era
Numa estrada torta
Infinita e morta
Esse é o fim
Olhos puídos, partidos
De tanto olharem
Agora acabou
O próprio fim se superou
O ar é mais leve
As cores se movem
Isso é o fim
Um quarto ou um meio
Você escolhe
As janelas do fim
Sem freio, alheio
Não me escuta
Voz da ausência
É o meu fim
Fios me seguram
Prendem ao chão
De tijolos amarelos
Dorothy não está
É o fim dela
Crianças semi-vivas
Mortos semi-novos
Deixo uma carta
De despedida
Esse fim é nosso
Cantores mudos
Nas rádios estéreis
O grito do pneu
Precede o caos
Eu sou o caos
E o caos é meu
É meu pai de bengala
É o fim dele
O mendigo na sarjeta
E sua garrafa
A solidão precede
A madrugada
De nada!
É o nosso mundo
É o fim do mundo
Pro calendário, absurdo
E o fim é nosso
É o nosso fim.