ESPELHO

Em que espelho ficou perdida

a minha face?

Cecília Meireles

Que ninguém se engane:

os caminhos são tortos

E no sertão do ser

– deserto e mar

nossos de cada dia –

o outro nome do nome:

HOMEM

E no oráculo antolhar:

a imagem é a dor escarlate

de um labirinto

onde vago vago

E indaga o oráculo:

– Qual a tua graça?

Como o quem? Saber como?

Tal Torquato com fé ficciono

e confecciono a palavra

Poeta há de ser a graça

E indaga o oráculo:

– O que fazes de teus passos?

O que dizer dos rastros

conquanto já não são meus?

Como aquele Minotauro cego

sigo pela noite

guiado pela menina poesia

E o oráculo:

– Não haverá mais tempo

apenas a poesia:

Mãe e Manhã

José Inácio Vieira de Melo
Enviado por José Inácio Vieira de Melo em 20/07/2005
Código do texto: T36128