Desfecho em sombras

A pálida luz que me alumbra

o seu brilho já o perdeu;

nem sinto o calor de sua penumbra

quando minh'alma à noite já pendeu.

Que me envolva a marca obscura

e me digira a esperança resguardada,

não há razão de uma vida de loucura

com o amanhecer da alma quebrantada.

Alma derrotada na ilusão de vencer,

sonhos castigados pela lápide chorosa,

sufocados por poluída atmosfera do humano ser,

martirizado seu coração em vida impiedosa.

E ainda a verei em minha partida,

pousada à chuva acometida,

e chorarei eterna vida

por essa piaxão já falecida.

Em pranto, além do dia

por nunca havê-la amado,

no âmago a infinita sangria

de um coração frio e desprezado.

Esta dor será maior,

virgem em te amar,

me envenenando do corpo a noite sem dó

e da alma a dor de não estar.

Irei sozinho e acompanhado

por tantas mágoas que carrego.

Com um caminho, mas sem traçado,

vago pela ausência a que me entrego.

Vitor Barros
Enviado por Vitor Barros em 20/07/2005
Código do texto: T36153