Amor perverso
Angélica T. Almstadter
Te dei o meu amor num fim de tarde
Desse que ainda tenho inteiro
E não te dei só uma parte
Dei-te de janeiro a janeiro
Dei-te meu amor complexo
Irracional e constante
Não te dei meu sexo
Mas me entreguei em cada instante
As vagas do meu amor discreto
Bordado na vestes da minha poesia
Entreguei nas horas de alegria
Um amor secreto e completo
Dentro das horas de loucura
Tive de ti beijos e muitos afagos
Amor e paixão servido em tragos
Declarações em rasgos
Escritas quase sem cura, sem censura
E antes que eu pudesse amanhecer
Antes de eu pudesse sonhar
Me fizestes chorar...desabar
E em poucos atos desfalecer
Porque me servistes os restos
Destes-me asas a ilusão
Tesão e uma dose de paixão
Catados aqui e ali em alguns gestos
Mas o amor que quero é selvagem
Que sem medo quebre as regras
Não tenha medo das minhas entregas
Me aceite com coragem
O amor que tenho é perverso
Mata engasga e dói
Pela madrugada me corrói
Está impresso no meu verso