Amor perverso

Angélica T. Almstadter

Te dei o meu amor num fim de tarde

Desse que ainda tenho inteiro

E não te dei só uma parte

Dei-te de janeiro a janeiro

Dei-te meu amor complexo

Irracional e constante

Não te dei meu sexo

Mas me entreguei em cada instante

As vagas do meu amor discreto

Bordado na vestes da minha poesia

Entreguei nas horas de alegria

Um amor secreto e completo

Dentro das horas de loucura

Tive de ti beijos e muitos afagos

Amor e paixão servido em tragos

Declarações em rasgos

Escritas quase sem cura, sem censura

E antes que eu pudesse amanhecer

Antes de eu pudesse sonhar

Me fizestes chorar...desabar

E em poucos atos desfalecer

Porque me servistes os restos

Destes-me asas a ilusão

Tesão e uma dose de paixão

Catados aqui e ali em alguns gestos

Mas o amor que quero é selvagem

Que sem medo quebre as regras

Não tenha medo das minhas entregas

Me aceite com coragem

O amor que tenho é perverso

Mata engasga e dói

Pela madrugada me corrói

Está impresso no meu verso

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/02/2005
Código do texto: T3640
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