Eu sou morena
Eu sou morena...
Tenho a cútis canela,
E sangue mestiço de matizes diversas.
Não corro em campos, como a camponesa,
Mas caminho no asfalto das ruelas.
Eu sou morena...
Não a de Cantares,
Mas assim como ela encanto e me encanto,
Mesmo havendo as diferenças...
De classes e posses e com algumas mazelas.
Eu sou morena...
Não a amada do Rei Salomão,
Mas a de um homem do povo,
Que também me faz rainha,
Por me mirar com devoção.
Eu sou morena...
De cabelos cacheados, encaracolados,
Como os pêlos das ovelhas.
Com lábios carmins e carnudos,
E olhos castanhos do tom dos mistérios.
Eu sou morena...
Nem negra, nem branca, nem mesmo índia,
Sou uma mistura das três etnias,
Carrego no corpo a força do negro,
A imponência do branco e os traços indígenas...
Poema nascido depois de ler Cantares, indicado por meu amigo Apollo