Ar
Não se encontra, não se bebe,
Não se luta, não se vê,
Não se grita, não pertence,
Não se troca, não se olha,
Não se faz, aparece,
Rasga-se no meio dos dias,
Das bandeiras, das palavras,
Das fronteiras, dos murmúrios,
Ergue-se por dentro da roupa,
Das veias, iceberg de fogo
Que se abre,
Que vive nos outros da minha carne,
O poema,
Que nasce de qualquer espermatozóide,
De um deus tão imperador.
Às vezes só quer dizer o mais importante: ar.