Ar

Não se encontra, não se bebe,

Não se luta, não se vê,

Não se grita, não pertence,

Não se troca, não se olha,

Não se faz, aparece,

Rasga-se no meio dos dias,

Das bandeiras, das palavras,

Das fronteiras, dos murmúrios,

Ergue-se por dentro da roupa,

Das veias, iceberg de fogo

Que se abre,

Que vive nos outros da minha carne,

O poema,

Que nasce de qualquer espermatozóide,

De um deus tão imperador.

Às vezes só quer dizer o mais importante: ar.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 05/02/2007
Código do texto: T370408