Sou

Nenhum homem é uma ilha

nenhuma ilha é um indivíduo

a mente única compartilha

o todo, a parte e o resíduo.

Sou, em minha estrutura orgânica,

ruído disperso, incompreensível

porém parte da melodia harmônica

da orquestra holística indivisível.

Cresço, enquanto fruto do meio.

Da sociedade sou lixo e enfeite,

paradoxalmente eu ofereço o seio

e me alimento de meu próprio leite.

Da mão, sou o dedo em riste.

Da humanidade, simples rascunho.

No entanto, enquanto o todo existe,

faço parte do forte punho.

Minha voz é murmúrio equivocado

enquanto grito só e a esmo.

Unida a outras é forte brado,

sendo assim, sou eco de mim mesmo.