De como eu faço versos

Eu faço versos como os desesperados

que se mantém à tona sobre destroços

no mundo dos impossíveis e dos calados,

bem onde ecoa o entrechocar de seus ossos...

Eu faço versos como os tresloucados

que miram seus reflexos à beira dos poços

que carregam estrelas de sonhos passados,

sonhos que são tão meus quanto são nossos...

Eu faço versos como os embriagados,

como os notívagos, como os desvalidos

que mais se parecem a anjos desgarrados...

Enfim, eu faço versos como os faço:

licores de pranto e rima para serem bebidos

sempre que a alma acuse algum cansaço...

Marinhante
Enviado por Marinhante em 12/02/2007
Código do texto: T378536