De como eu faço versos
Eu faço versos como os desesperados
que se mantém à tona sobre destroços
no mundo dos impossíveis e dos calados,
bem onde ecoa o entrechocar de seus ossos...
Eu faço versos como os tresloucados
que miram seus reflexos à beira dos poços
que carregam estrelas de sonhos passados,
sonhos que são tão meus quanto são nossos...
Eu faço versos como os embriagados,
como os notívagos, como os desvalidos
que mais se parecem a anjos desgarrados...
Enfim, eu faço versos como os faço:
licores de pranto e rima para serem bebidos
sempre que a alma acuse algum cansaço...