Tradutora de sentimentos

Olha o céu que lhe acerca

E para o tempo admirando,

Asas prontas na janela,

Alma doce delirando.

Perde as horas em silêncio,

A mudez tanto lhe instiga:

O aroma suave e hortênsio

Da monotonia que não fadiga.

Busca longe, em outros mundos

O que talvez lhe falte aqui,

Mas nem chora tão profundo

Pois nem seu choro sabe sentir.

Na madrugada, as horas passam

E por momentos pensa cair;

Por tão longe já voavam

Seus pensamentos a lhe nutrir.

Por fim adormece da fantasia

E já não lembra se caiu,

De tantas asas que a alma lhe abria,

De tantos sonhos que no corpo se despiu.

Seu corpo, à terra descia,

Se perdera entre as monções;

Sua alma, ao céu subia,

Se convertera em emoções.

Vitor Barros
Enviado por Vitor Barros em 26/07/2005
Código do texto: T37892