Elegia Pagã (poema antigo)

Vem comigo, vamos à clareira

Que venha a noite até nós

Fria ou quente a façamos

Vívida ou mortal a tornemos.

Saiamos! O ar inspira delírios

A bruma oculta desejos promíscuos

Copulemos em copos de álcool servidos

A Deusa a tudo observa, da névoa.

Alta paira a lua em silêncio

E nas garrafas o vinho implora

Para por bocas ávidas ser sorvido

Cumpramos pois a vontade de Baco.

A Deusa nos embala e embriaga

Na noite que é seu templo e lar

Que os espíritos fervam em luxúria

Nada mais somos, além do que somos.

Bebamos, nos esbaldemos na carne

Em carne e sangue nos banhemos

Nós, que somos, sejamos da Deusa

Amantes e filhos, servos-senhores.

Pó somos, mas pó ainda não somos

Aproveitemos a magia que perdura

Dancemos e cantemos e bebamos

Em contentamento terreno sejamos.

Sim, sejamos nós, e não os outros

Que somos, quando forçados somos

A não ser o que somos, tolhendo

O direito de ser nós de nós mesmos.

Ajamos pois animalescamente

Pois que de animais não passamos

Divinos animais sob a luz da lua

Sob a benção da Deusa vivamos.

Dancemos em roda na fria clareira

Ao redor do fogo sagrado bailemos

Queime-se o divino que possuímos

Restem apenas carne e ossos e sangue.

Vivos! Sim, como carne bailarina

Adeptos da Mãe Única no culto

Ao Grande Movimento Perpétuo

E nada além ou aquém da Vida.

Vivos! Sim, e próximos da Morte

Pois a Morte é Vida disfarçada

Louvemos a Morte e a Vida

Pois ambas em nós se confundem.

Graças à Deusa que nos cede a Vida

Graças à Deusa, contracedente da Morte

Felizes por sermos o que somos

Dancemos e cantemos e bebamos.

Damnus Vobiscum
Enviado por Damnus Vobiscum em 19/08/2012
Código do texto: T3838471
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