Sem pressa

Não se anda depressa, não se olha,

Não se abre a carta, todos fazemos devagar, sem

Pressa, a nossa morte com vagar.

Esse infinito olhar, esse hálito de respirar,

Como poderia ser de outra maneira

O nosso ostentado caminhar

Cada passo, cada vírgula, o nosso irónico gozo

De desfrutar.

Tanta chuva caída em palavras, tanto aço em verdades

Tanta carícia no amor,

Do que ficar, ficará gravado no tempo,

Como desespero do pleito

Desta ogiva que me cresce no peito,

Existência, que um dia na pedra um deus gravará.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 18/02/2007
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