Sem pressa
Não se anda depressa, não se olha,
Não se abre a carta, todos fazemos devagar, sem
Pressa, a nossa morte com vagar.
Esse infinito olhar, esse hálito de respirar,
Como poderia ser de outra maneira
O nosso ostentado caminhar
Cada passo, cada vírgula, o nosso irónico gozo
De desfrutar.
Tanta chuva caída em palavras, tanto aço em verdades
Tanta carícia no amor,
Do que ficar, ficará gravado no tempo,
Como desespero do pleito
Desta ogiva que me cresce no peito,
Existência, que um dia na pedra um deus gravará.