Inverno absoluto

Inverno absoluto

Sandra Ravanini

Quisera o despertar trazer-me a tua brandura

tal qual a dança da infância rodopiando ao léu,

invadindo este agora neste meu peito réu,

buscando a face menina na fria moldura.

Declamo-te em cantos, encantos à escultura;

descorada face em pranto, dança o réu verniz,

gotejando toda essência e a tristeza da atriz,

despertando este agora esmagado em rasuras.

Declamo-te; encantos em cantos esquecidos,

saudando a tristeza estampada nas tinturas,

esmagando a minha essência à alma que procura

a dor do teu olhar nestas flores ressequidas.

Rasurar-te; flor em dor no inverno absoluto,

tal qual o frio saudando a face adormecida

na moldura desta minha alma ressequida,

quisera o despertar clamar meu peito em luto.

09/02/2012