RESTO
No Campo de Marte passarão a caixinha,
Mas, deixarão coletores:
Na Europa a esmola escasseia,
O Banco é do Vaticano,
As sociedades são anônimas,
A fé afundou na fantasia
E a heresia virou conto da carochinha,
Não mata mais ninguém nas fogueiras...
Apropriaram-se do Profeta dos outros,
Criaram a sua própria sentença:
Em nome da paz só semearam violência,
Comeram até encher a pança
E agora querem as ovelhas
Que dormem no berço já não tão esplêndido
Antes que acordem
Ou morram afogadas nos restos do saque
Pelas contas bancárias.
O Império que afunda quer fazer coro
Com os que querem o coro das árvores
E das águas limpas,
Mas esquecem que o ouro
Que enfeita seus altares
Faz falta nos lares dos ribeirinhos
A hipocrisia esconde rios que correm sujos
De óleo e de sangue
Bem em baixo dos seus pés:
É fácil agora querer um jardim
Depois da sua terra arrasada
E a nossa saqueada.
Roubaram também os olhos dos cordeirinhos
Dormentes pelos poderes dos homens das Leis
Que se abraçam na grande farsa
Para que lhes sobre noutros paraísos
Enquanto a miséria sobe em morros
E a violência despenca
Morro abaixo.