RESTO

No Campo de Marte passarão a caixinha,

Mas, deixarão coletores:

Na Europa a esmola escasseia,

O Banco é do Vaticano,

As sociedades são anônimas,

A fé afundou na fantasia

E a heresia virou conto da carochinha,

Não mata mais ninguém nas fogueiras...

Apropriaram-se do Profeta dos outros,

Criaram a sua própria sentença:

Em nome da paz só semearam violência,

Comeram até encher a pança

E agora querem as ovelhas

Que dormem no berço já não tão esplêndido

Antes que acordem

Ou morram afogadas nos restos do saque

Pelas contas bancárias.

O Império que afunda quer fazer coro

Com os que querem o coro das árvores

E das águas limpas,

Mas esquecem que o ouro

Que enfeita seus altares

Faz falta nos lares dos ribeirinhos

A hipocrisia esconde rios que correm sujos

De óleo e de sangue

Bem em baixo dos seus pés:

É fácil agora querer um jardim

Depois da sua terra arrasada

E a nossa saqueada.

Roubaram também os olhos dos cordeirinhos

Dormentes pelos poderes dos homens das Leis

Que se abraçam na grande farsa

Para que lhes sobre noutros paraísos

Enquanto a miséria sobe em morros

E a violência despenca

Morro abaixo.

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 21/02/2007
Código do texto: T387912
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