O poeta

Quero a volúpia e santidade...

desejo-as contidas em minhas siderações

brilhando como cometas na vacuidade

dos céus e das espirituais perdições...

Sei amar a decadência infinita

com a mesma sanidade de minha fé profunda

e com ambas beijo a pulsação incontida

daquele que suicida ante a luz imunda!

Não me cegues com teu julgamento bento

periodicamente escancaras tua boca,

e dela exalas o hálito pestilento

da Vida sob todos os aspectos oca!

A cerebral maquinação é incontrolável!

Essa elétrica ação no organismo débil

constatou-me com sua liberdade invejável

que meu livre arbítrio é de natureza servil!

Deus me fala e eu não escuto

creio nele e nego sua espectral presença,

seu filho antonimamente louvado perscruto

e rio do "Habemus Papam", perecível sentença!

Ver a morte antes de sua existência,

cheirar juntos o medo e o rapé...

eis a diferença entre o Poeta e a Providência,

eis o mistério da inponderável fé!

17/12/2006 18:20

ralv
Enviado por ralv em 23/02/2007
Reeditado em 17/04/2008
Código do texto: T390841