Saudades colhidas num jardim

A noite despida regalava-se num cálice de vinho

Minha mãe cantava uma canção, não sei qual, mas era uma canção linda

Minha irmã no quintal colhia pitangas

E a lua derramava-se num copo

Minha avó num retrato preto e branco

E a saudade uma mulher que nunca quis

Minha tia bordava

E a madrugava caminha perdidamente aguardando o sol

Eu dançava tango e minha mulher colhia begônias

Minha filha lia contos

Outras mulheres corriam quais estrelas, paravam como ondas

Entre o mar e o rio tem a água

Grito dentro do meu sonho

Nada de Amélias, Atenas e outras dores

Paris uma mulher dissimulada

Colhíamos camélias

Nato parir desabrocha flor

Cantarola a manhã a noite que foi

Risos batons e algumas agonias

Na saudade uma renda e antes do seio o coração

Deijair Miranda
Enviado por Deijair Miranda em 23/10/2012
Código do texto: T3947362
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