POEMA CONCRETO

Entre as linhas de um poema concreto

Disfarço as entre linhas

Escrevendo as linhas com palavras concretas

Que distraem o pensamento para ele não ver

O outro poema que escrevo com palavras invisíveis

E me divirto com os que as vêem e pensam

Que não fui eu quem as escreveu.

Quantas vezes eu escrevo apenas para ver

Se os olhos que vêem

As descobriram

E se sabem que eu também tenho

A parte de mim

Invisível aos olhos

E tenho ouvidos que ouvem

As palavras que não saem da boca.

Para alguns eu ando nu:

Não os engano mais,

Sei disso quando já me recebem sorrindo

Ou chorando

E me chamam de amigo, me servem água

Da melhor que têm

Ou me pedem um pouco da melhor que tenho.

São os que me convidam para sentar-me

À sombra da árvore à beira do caminho

Para admirarmos uma brisa

Ou descansar do mormaço,

Cochicharmos aquelas coisas de amigos

Para não espantar os passarinhos

E sorrirmos à vontade na harmonia

Para que eles cantem

Sem medo dos humanos

Que já não são mais iguais...

- O que dizes? Esse não é um Poema Concreto?

É o Poema do Homem Nu?

Está bem, quem sou eu para discutir contigo,

Meu amigo, fostes tu quem dissestes

Para mim que eu era um Poeta

Quando eu nem sabia o que era Poesia

E apenas escrevia palavras nuas.

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 27/02/2007
Código do texto: T395469
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