POEMA CONCRETO
Entre as linhas de um poema concreto
Disfarço as entre linhas
Escrevendo as linhas com palavras concretas
Que distraem o pensamento para ele não ver
O outro poema que escrevo com palavras invisíveis
E me divirto com os que as vêem e pensam
Que não fui eu quem as escreveu.
Quantas vezes eu escrevo apenas para ver
Se os olhos que vêem
As descobriram
E se sabem que eu também tenho
A parte de mim
Invisível aos olhos
E tenho ouvidos que ouvem
As palavras que não saem da boca.
Para alguns eu ando nu:
Não os engano mais,
Sei disso quando já me recebem sorrindo
Ou chorando
E me chamam de amigo, me servem água
Da melhor que têm
Ou me pedem um pouco da melhor que tenho.
São os que me convidam para sentar-me
À sombra da árvore à beira do caminho
Para admirarmos uma brisa
Ou descansar do mormaço,
Cochicharmos aquelas coisas de amigos
Para não espantar os passarinhos
E sorrirmos à vontade na harmonia
Para que eles cantem
Sem medo dos humanos
Que já não são mais iguais...
- O que dizes? Esse não é um Poema Concreto?
É o Poema do Homem Nu?
Está bem, quem sou eu para discutir contigo,
Meu amigo, fostes tu quem dissestes
Para mim que eu era um Poeta
Quando eu nem sabia o que era Poesia
E apenas escrevia palavras nuas.