Coisas de poeta
O poeta consegue brincar com os próprios pensamentos.
O que dizer sobre ele? Pois se diz muitas coisas deve estar exagerando.
Se, por outro lado, diz poucas coisas deve estar se omitindo.
Mas ele deixa as reservas e conta de peito aberto o amor que vive,
Sem incorrer na possibilidade do exagero, sabe viver a hora do lobo.
E nas sombrias passagens noturnas, no meio de muitas palavras,
Consegue vencer os maus pensamentos que o invadem.
Propõe, sempre em palavras, setas que ganham vida e acertam almas.
Não espera que a vida lhe roube a ilusão de falsos amores prometidos,
Pois a vida, não os nega nem espera, passa breve e vertiginosamente.
É preciso deixar que o dia de ontem vá se juntar aos outros ontem.
Não há que ficar maluco ou nem mesmo morrer no abandono da solidão.
E assim, em canção de amor, chora carinhos dentro dos próprios olhos.
Afinal, o amor é um prelúdio que nunca morre e tráz muitas lembranças.
Necessário se faz abandonar a formalidade, dispensar rimas e métricas,
Aproveitar a inspiração, seguir a intuição, pois afinal são coisas de poeta.