Poema Búdico
Aprendi a suportar as infinitas aflições quando o sol se esconde
E a ter a tranquilidade de um velho que nada mais da vida espera
Não amo mais o que não posso ter chamo somente a quem me responde
Em meu olhos olvida o ímpeto e o ódio quase não mais reverbera
Procuro não afogar as mágoas tento convencê-las a ir embora
Embora tome uma bebida para suportar melhor a madrugada
Não esperarei que a vida me convide a partir saberei a minha hora
Se o caminho não me é conducente mesmo triste tomo outra estrada
Incrível como duram os dias duros a dor no escuro se agiganta
por isso couracei meu coração e meu espírito com adamanto
guardo um grito grânulo mas que ecoará um dia tão grave da garganta
Que destruirá os mitos ritos e tornará inúteis riso e pranto
Um dia desvesti minha vida e ao vê-la desnuda
Vi a irrelevância da existência irreal disforme e corroída
então declarei-me guerra venci-me qual valoroso Buda
Por fim descobri que envelhecer é a decomposição da carne em vida.