Calar-se

Há momentos,

perdoe,

em que o poeta

quer calar-se.

Fingir escutar; viajar ao longe;

deixar o bar; recolher-se ao quarto.

Mas calar-se,

advirto-vos,

não como um nada a dizer:

silenciar-se.

Calar-se

como um parir-se

à dentro.

Calar-se

como um gestar-se

à fora.

Calar-se

como um grito

no parto.

Porque o poeta,

quando cala,

escuta o apelo, pari

o grito contido silenciado da alma.

Lucian Rodrigues
Enviado por Lucian Rodrigues em 15/12/2012
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