Despedida

Parto para encontrar com o esquecer-te

Deixo-te todos os meus sonhos

Para que continues a escrever tua vida

Rasuro as palavras que não te disse

Calo os beijos que tanto te desejaram

Enganei-me, ludibriei-me, falseei-me

O tempo nada decidiu, nem definiu

Não quero mais qualquer porta aberta

E nem o meu caminho a te aguardar

Recolho os meus delírios e quimeras

As confissões tolas que te fiz

Entre sorrisos, disfarçando verdades

Calo-me porque meus lábios e mãos

Não mais te redimem de teus temores

Ou te resgatam de ti mesmo

Em meio as tuas indecisões e escusas

Foste adiando o conjugar do meu amor

No tempo presente que a ti se oferecia

Amor que te pronunciava em meus versos

Declarando anseios e desejos insones

Imaginavas que eram meus poemas

Os silêncios das minhas fantasias

Libertos da asfixia das minhas mãos

A saudade invasora e condescendente

Ainda busca um motivo para permanecer

A memória da ilusão declama teu último poema

E fantasia-me em tuas linhas e letras

Como se eu fosse a que toca tua inspiração

As mãos teimam em acariciar os teus gestos

E as palavras que foram sussurradas

Nos sonhos do meu corpo que te embalava

Quando apenas a lua sabia de mim

E ruborizava adivinhando intenções

Toco os meus lábios e neles já não sorris

Há um gosto de despedida em meus olhos

No meu lamento nem mesmo a lágrima

Acaricia a solidão do meu rosto

Soluça em minhas mãos o gesto

Que confinaste no cárcere do talvez

Apenas isto e tudo que não houve

Como a me confirmar que sempre foste

Uma irônica possibilidade de felicidade

Paralela do infinito em meu destino

Fernanda Guimarães

www.fernandaguimaraes.com.br

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 06/08/2005
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T40758