SEXTA-FEIRA NO MORRO DA CRUZ

A noite

fendida nas entranhas

coabita pirilampos.

Agês e atabaques

despertam ofegantes Orixás.

Mamãe Oxum joga búzios:

brincos de angústia iluminados.

Habitam a favela

despencados Mitos.

Oxalá, braços abertos,

abraça os homens

em comunhão.

No cruzeiro,

velas acesas iluminam oferendas:

estrelas caídas sobre a encosta.

Por entre vielas estreitas,

nos olhos das imagens

transita a imensidão.

Do livro FORÇA CENTRÍFUGA. Porto Alegre: Livr. e Ed. Porto Alegre, 2ª ed., 1979, p. 47:8.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/40825