ABOMINAÇÃO
Eu te vejo,
te observo
bem perto
de mim.
Te vejo assolando
almas,
consumindo corpos.
Te vejo aqui,
na beira do cais
e em tantos lugares mais.
Tento descobrir
tua razão,
teu porquê
de ser.
Encontro a razão
mas não entendo;
talvez tu possas
desaparecer
pela mágica
de um punhado
de moedas na mão.
Talvez, não.
Talvez tu
possas se esconder
diluída no volume
de uma seringa.
Ou num pedaço de pael
aceso.
Sei lá.
Não queria mais te ver...
Infelizmente,
neste caso,
querer não é
poder.
mas, quem sabe
um dia?...
Sim! Um dia no qual
não mais existirás,
Miséria.
11 de Agosto de 1988