SÓTÃO

No escuro da casa

nada ouço,

nada vaza

pelas paredes

de concretoe lembranças.

Sonhos de criança

que movem os moinhos

da memória:

foram dias de lutas,

de luto

e de glória.

Escadas alçadas

levaram a alma

a outros patamares;

pés no chão, suspirando

por novos ares.

Na busca do céu,

tudo é seu,

é meu;

saio do porão

em direção ao infinito.

Mas o brilho das estrelas

não é possível alcançar;

o escudo do telhado,

a penumbra, a sombra

me impedem de enxergar.

Um esforço sem fim...

No fim das contas

tudo foi em vão;

fico subjugado, calado

tão só

em meu

sótão.

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 03/02/2013
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