Sons de um martelo

Marteladas de pedreiro no prédio vizinho.

Fortes, firmes, compassadas.

Como sinais de telegrafia,

Tento decifrar esse código...

Toques,

Batidas continuadas e descontinuadas...

No meu laicismo,

Decifro só isto:

O mundo anda.

O que desanda é a preguiça de quem não trabalha.

Pedreiro de marmita só com feijão, arroz e ovo.

"Arroz c´ovo" soa quase como um prato russo...

Brinca de martelar o que já foi menino.

Destrói pra construir ou remendar paredes.

O prédio já está feito,

É reforma.

Aproprio-me do som do pedreiro

Com o qual ele não vai fazer nada

E aqui

No meu picadeiro

No meu camarim

Faço-o desfilar como um artista bom de palco

Só pra mim!

Mas o pedreiro não sabe.

Sons soltos no ar

São de quem os pegar...

Sons primitivos,

Que lembram o da pedra contra pedra

Na Idade da Pedra...

É também com esses sons

Que se constroem cidades!...

Para todos os Pedreiros

Desejo só Felicidades!

Eles edificam

E depois não podem entrar...

O mundo dos edifícios não é fácil,

É bem difícil!

De tudo, não restará pedra sobre pedra...

Mas restarão os sons de todos os martelos

A fazer ondas no universo infinito...

Ondas circuncêntricas,

Que Deus identifica e justifica.

Da construção do seu Reino...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 14/03/2007
Código do texto: T412820